Desabafo

Este blog serve só para coisas bonitas. Serve, essencialmente, para falar sobre a alegria de ser mãe. Só que, antes de ser mãe, sou mulher e, muitas vezes, a alegria da maternidade não supera alguns problemas. Há alguns anos atrás, sofri depressões consecutivas, resultado de desgostos e mágoas a nível familiar, que se tinham vindo a acumular durante anos. O reconhecimento da própria depressão foi adiado, durante muito tempo, por vergonha ou por hábito de parecer forte aos olhos dos outros. Até que foi impossível esconder e, uma amiga que me conhece muito bem, pediu-me para ir ao médico. Hesitei uns dias mas, como piorava, acedi. O médico reconheceu imediatamente uma depressão e medicou-me. A partir daí, foram 3 ciclos em que melhorava, deixava a medicação, piorava, voltava à medicação - sempre adicionando um medicamento novo aos anteriores. Consegui curar-me, também com muita vontade de levantar a cabeça e não me deixar caír, novamente, numa espiral, até ao fundo de mim... Que estava tão vazio, nessas alturas!

Agora, novamente, sinto necessidade de recorrer a essa bengala, que são os medicamentos. Sei que não posso porque estou a amamentar. Mas sinto-me, novamente, vazia por dentro, o cérebro e o corpo a quererem parar. Já não sinto vontade de me levantar, de tomar banho, de me vestir, de me arranjar. Cuido da Mariana, muitas vezes, como uma máquina programada para determinada tarefa.

Ainda tenho alguns momentos, durante o dia, em que me sinto EU, em que rio e brinco mas, a maior parte do tempo, estou a consumir-me e a descer a escada que sei que me leva ao escuro. Estou com medo de lá chegar mas, ao mesmo tempo, sem vontade de me impedir de descer.